Disrupções nas cadeias de abastecimento podem custar até 920 milhões de euros ao PIB europeu, revela Accenture

Superar este desafio exigirá uma reinvenção da cadeia de abastecimento à medida que uma nova ordem económica toma forma.

Lisboa, 14 de junho de 2022: Os desafios da cadeia de abastecimento decorrentes da pandemia da COVID-19 e da invasão russa da Ucrânia podem resultar numa potencial perda cumulativa de € 920 mil milhões para o produto interno bruto (PIB) em toda a Zona Euro até 2023, revela um estudo divulgado pela Accenture. A perda potencial equivale a 7,7% do PIB da Zona Euro em 2023.

Publicado durante a Reunião Anual do Fórum Económico Mundial em Davos, o estudo, “From Disruption to Reinvention – The future of supply chains in Europe”, explora três cenários possíveis de como a guerra poderá evoluir no próximo ano, modelando o impacto de cada cenário na região da Zona Euro em termos de custos e prazos de recuperação.

A disrupção da cadeia de abastecimento relacionada com a pandemia custou às economias da Zona Euro € 112,7 mil milhões em PIB perdido em 2021, de acordo com o estudo. Antes da guerra, a falta de fornecimento de materiais, falhas na logística e pressões inflacionárias já estavam a minar a recuperação económica na Europa, com o ressurgimento da procura e o acumular preventivo de bens a sobrecarregar as cadeias de abastecimento.

A invasão da Ucrânia pela Rússia agravou a situação. Por exemplo, espera-se que a falta de semicondutores, que deveria ter-se resolvido no segundo semestre de 2022, persista até 2023. Uma guerra prolongada pode levar a uma perda adicional do PIB de até € 318 mil milhões em 2022 e € 602 mil milhões em 2023, enquanto que a inflação pode chegar a 7,8% em 2022, antes de cair em 2023.

Embora o consenso dos especialistas seja de que a Europa evitará a recessão este ano, a combinação da COVID-19 e da guerra na Ucrânia tem o potencial de impactar significativamente a economia da Europa, causando uma desaceleração material no crescimento”, refere Jean-Marc Ollagnier, CEO da Accenture na Europa. “Enquanto que antes da guerra era esperado algum tipo de normalização da cadeia de abastecimento no segundo semestre de 2022, agora não esperamos que isso aconteça antes de 2023, talvez nem até 2024, dependendo de como a guerra evoluir.”

A resolução dos problemas da cadeia de abastecimento será fundamental para a competitividade e o crescimento europeus. De acordo com o estudo, até 30% do valor agregado total da Zona Euro depende de cadeias de abastecimento transfronteiriças funcionais, tanto como fontes de input ou como destino para a produção.

Reinventar as cadeias de abastecimento numa nova ordem económica

O estudo da Accenture sugere que uma reinvenção das cadeias de abastecimento é necessária para enfrentar uma mudança de paradigma – as cadeias de abastecimento foram projetadas principalmente para otimizar custos, enquanto no mundo de hoje devem também ser mais resilientes e ágeis para responder às crescentes incertezas da oferta, tornando-se uma vantagem competitiva chave para permitir o crescimento futuro. Realçamos um foco em três áreas principais:

“Ter a visibilidade de toda a extensão da cadeia de abastecimento, incluindo fornecedores de nível 2 e 3 é fundamental”, afirma Pedro Galhardas, Managing Director que lidera a área de Strategy & Consulting da Accenture em Portugal. “As empresas devem passar de uma abordagem just-in-time para uma abordagem just-in-case, diversificando as bases de fornecimento, planeando rotas alternativas de transporte de mercadorias, flexibilizando os centros de distribuição e construindo inventários. Tudo isto tem um preço, mas é uma “apólice de seguro” contra choques futuros. A chave é investir em novas tecnologias para utilizar melhor os dados – de gémeos digitais e analytics a postos de controlo da cadeia de abastecimento – em todo o Cloud Continuum, o que garante um vasto poder de computação de maneira económica, flexível e sustentável.”

O estudo da Accenture também destaca dois desafios mais profundos e de longo prazo resultantes da pandemia e da guerra: segurança energética, pois as economias europeias precisam de lidar com sua forte dependência de petróleo e gás enquanto aceleram a sua agenda net-zero; e incompatibilidades de talentos, como resultado do envelhecimento da população, evolução das expectativas dos colaboradores e mudanças na procura de skills.

Pedro Galhardas, salienta ainda que “a guerra na Ucrânia terá um impacto significativo, aumentando a quantidade e a duração das disrupções. A gravidade dependerá de como a guerra evoluir, mas nada menos do que uma reinvenção será necessária, à medida que uma nova ordem económica toma forma dentro de um ambiente inflacionário, maior regionalização, transição energética e um mercado de talentos limitado. Melhorar a eficiência energética e acelerar a transição para fontes de energia verde será fundamental para alcançar a segurança. E a capacidade de atrair, reter, e fazer o reskill e upskill dos colaboradores está a tornar-se uma das questões mais urgentes desta década.

Download do estudo completo aqui: From Disruption to Reinvention – The future of supply chains in Europe, Accenture

Sobre o Estudo

O estudo “From Disruption to Reinvention – The future of supply chain in Europe” da Accenture é baseado numa investigação realizada em colaboração com a Oxford Economics. A análise abrange a Zona Euro, que consiste na Áustria, Bélgica, Chipre, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Portugal, Eslováquia, Eslovénia e Espanha.

O estudo explora três cenários possíveis de como a guerra pode evoluir no próximo ano, modelando o impacto de cada cenário nas principais economias europeias. No primeiro cenário, as sanções contra a Rússia não aumentam e podem até ser reduzidas, aliviando as disrupções na cadeia de abastecimento. Infelizmente, este cenário de impacto controlado acabou. No segundo cenário, que é a baseline atual, a oferta de bens permanece volátil ao longo de 2022, o que faria com que os preços dos bens continuasse a subir. Neste caso, as pessoas reduziriam o que não era essencial e as empresas dariam prioridade à eficiência. No terceiro e pior cenário, a guerra estende-se até 2023, o que pode levar a um embargo de petróleo e gás mais amplo à Rússia, levando a grandes disrupções na cadeia de abastecimento, a inflação a atingir 7,8% em 2022 e a uma confiança reduzida do consumidor.

Sobre a Accenture

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